Poesia periférica

28, junho de 2018
 
“Escrevo para empretecer as páginas brancas da história”. Essas são as palavras do jovem escritor Jânio Silva, que esteve presente no encontro do Coletivo Congos e Quilombos da UVV, nesta quinta-feira, 28. O Congos e Quilombos é um projeto cujo objetivo é trazer para o âmbito universitário discussões sobre a temática racial e suas demandas acerca do movimento negro, de acordo com o coletivo.
 
Jânio é escritor, produtor cultural e apresentou, na reunião do coletivo, o seu novo livro intitulado “Bonde”. A obra é recheada de versos, dividida em dois capítulos, abordando temas de poesia racial, ética e romântica, com “pequenos versos escritos em longas horas de viagem” e “grandes versos espremidos pelo horário de pico”. A obra foi publicada por meio da Lei de Incentivo à Cultura Chico Prego.
 
A inspiração para o nome do livro faz uma alusão ao percurso que o autor percorre da Serra até Vitória, seja para trabalhar ou estudar. Ele conta que escrevia os poemas no transporte coletivo e que ouvir os relatos das pessoas sobre a vida, o cotidiano, se tornou fonte de inspiração e novos temas para os poemas. “Como se fosse uma viagem em que o leitor vai conseguir passar por várias questões que as pessoas vão passar no seu cotidiano”, afirma.
 
Além de possuir outras obras publicadas, Jânio é um dos cofundadores do coletivo Literatura MarginalES, que reúne jovens escritores das periferias da Grande Vitória. Para ele, o sarau é um movimento que auxilia a aproximação das pessoas com os escritores. “Esse movimento que a gente promove, de fazer sarau, com oficinas de escrita criativas, trouxe um público que já publicava e que não tinha nenhum local para publicar o que produzia. ”
 
A presença do autor no Coletivo contou com diversos alunos que se emocionaram com suas poesias. Ele reforça como é importante inserir nas universidades a discussão de temas relacionados à periferia e autores periféricos. “Quando estamos na universidade, estudamos autores selecionados, por causa da grade curricular do curso. Temos um saber imenso fora da academia que é um pouco difícil de ser introduzido, e eu penso que, quando a gente tem oportunidade de ter acesso, na universidade, a outras pessoas que também vêm da periferia, e que tragam um pouco da sua realidade e tudo que elas vivem no dia a dia para as salas de aula, isso gera muita aproximação e identificação com os outros”, explica o escritor.
 
Ouça uma das poesias recitadas durante o encontro:
 
 
Os encontros do Congos e Quilombos acontecem todas as quartas, na sala 22 do prédio branco, às 11h e às 18h.
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